O que aconteceu na comunidade Metrô Mangueira, prefeito Crivella?
Segundo moradores, operação da Guarda e da Civil teve invasão de domicílio, espancamento, roubo e racismo.
“Eles entraram, levaram dinheiro e o aspirador de pó”
Uma senhora já avó e uma menina de 15 anos, ambas negras, contaram que foram chamadas de macacas por agentes da Guarda Municipal.
Uma outra moradora relata que ao questionar a invasão de sua casa, um dos policiais civis que se identificou como delegado, disse que “aqui não era local de moradia, não” e que, portanto, não precisaria de mandado para entrar. Os guardas ainda comeram sem pagar na pequena venda da esquina. Eles ordenaram que o comerciante fechasse seu comércio. Covardias financiadas com dinheiro público.
Durante o serviço do corte da distribuição de água, houve explosões de bombas de gás asfixiante, disparos de balas de borracha e de spray de pimenta. Famílias inteiras, repletas de crianças, tiveram que correr de casa, atravessar as avenidas movimentadas da região da Radial Oeste para conseguir respirar. Na operação, os servidores avançaram para o interior da comunidade. Moradores ainda dizem que policiais civis dispararam tiros de fuzil para o alto.
Um garoto foi arrastado por três agentes e espancado dentro do furgão para onde foi levado. Assim como um morador chamado Glauco que, mesmo depois de algemado e imobilizado, foi espancado com tapas, cassetetes e até mesmo com os capacetes da Guarda Municipal. Glauco contou para nós o que aconteceu.
“Eu estava fazendo um reparo num ar-condicionado e fui ao Lava Jato buscar água para limpar o aparelho. Aí eu vi que a Guarda começou a atirar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Eu corri para dentro da comunidade. E eles correram atrás. Eu me defendi. Até que eles conseguiram me pegar. Me levaram para dentro do ônibus e me agrediram com cassetete, tapas e com o capacete. Pegaram um capacete e bateram em mim com um capacete! Eu já tava algemado. Apanhei algemado. Fui levado para a Cidade da Polícia. Lá fizeram boletim de ocorrência. Eles não tinham provas de que eu estava agredindo a Guarda Municipal. É só o testemunho deles contra a minha pessoa. Não tem nenhum guarda ferido. Meu sentimento não mudou. Eu já sei que essa sociedade é injusta. Eu já vi muita covardia na favela. Agora eu fui mais uma vítima. Bateram foto nossa e botaram na rede social. Eu vi um Guarda Municipal colocando minha foto no Facebook pessoal dele”.
Glauco disse que irá processar o município. Pelo menos, outras duas pessoas também ficaram feridas.
O que aconteceu no Metrô Mangueira expõe diversas problemáticas da relação do Estado com as comunidades pobres. Não podemos ter operações de guerra, que inclusive expõem crianças, para uma verificação de furto de água. Para falar a verdade, nem mesmo o furto de água é o objetivo de uma operação como essa, uma vez que o próprio funcionário da CEDAE disse a verdade para um morador: “a gente tem que fazer nosso trabalho. A gente corta e depois vocês refazem”.
Agora esperamos resposta do prefeito.